O biogerontologista britânico Aubrey de Grey surpreendeu a comunidade científica mundial ao apresentar uma proposta cientificamente robusta e embasada para reverter os danos do envelhecimento. Este tema, objeto de lendas de todos os tipos há milênios, de repente saltava à vista como uma questão científica realista, à luz do nível tecnológico extraordinário alcançado pelo ser humano: robôs em Marte, supercomputadores quânticos... Mas e quanto à medicina? Poderia-se finalmente enfrentar-se esse velho conhecido, o envelhecimento? Aubrey de Grey afirma que sim, e para explicar como isso é possível, escreveu o livro "O fim do envelhecimento", que se tornou um clássico do movimento mundial antienvelhecimento.

A obra divide-se em três partes. Na primeira, composta por três capítulos, de Grey explica como surgiu o conjunto de ideias que ele batizou de SENS — sigla em inglês para Estratégias para a Senescência Negligível Engenheirada, que é seu conjunto de propostas de terapias para rejuvenescer o corpo, sendo que cada uma delas repara um dos sete tipos básicos de danos moleculares e celulares. Além disso, nesta primeira parte ele analisa as questões sociais e psicológicas que levam o ser humano a evitar encarar de frente o envelhecimento como um assunto a ser enfrentado do ponto de vista médico.

Na segunda parte, composta por oito capítulos, de Grey descreve os sete tipos básicos de danos do envelhecimento e suas respectivas terapias de reparação possíveis. Nessa parte, de Grey explica como esses sete danos básicos levam às principais patologias relacionadas ao envelhecimento, como o mal de Alzheimer, o mal de Parkinson, o câncer, as doenças cardiovasculares e a diabetes. Ao analisar o atual estado das pesquisas biomédicas para tratar essas e outras doenças, o autor analisa os pontos positivos e negativos das propostas de tratamento geradas por essas pesquisas, e então apresenta suas próprias propostas ou defende determinadas propostas já existentes, a fim de se alcançar a reversão do envelhecimento.

Na terceira parte do livro, composta por três capítulos, de Grey explica quais são os fatores, além da questão estritamente científica, que podem influenciar na rapidez com que chegaremos a dominar a tecnologia antienvelhecimento, como a postura da comunidade científica, o público em geral, a estrutura política e as empresas farmacêuticas. Além disso, ele explica como as pessoas em geral e especialmente os leitores do livro podem ajudar a acelerar as pesquisas científicas, a ponto de trazer ao alcance do ser humano em poucas décadas, e talvez ainda durante nosso tempo de vida, essas tecnologias que evitariam as doenças relacionadas ao envelhecimento, que matam aproximadamente 100 mil pessoas por dia em todo o mundo.

Aubrey de Grey, que é PhD pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido, é diretor científico da Fundação de Pesquisa SENS, localizada na Califórnia (EUA), que trabalha para trazer à realidade essas propostas de terapias antienvelhecimento. O livro também teve a participação de Michael Rae, assistente de de Grey e colaborador da Fundação de Pesquisa SENS.

As ideias de Aubrey de Grey vem sendo em grande parte corroboradas pela comunidade científica, e uma série de empresas já estão se aprofundando nas propostas do britânico a fim de tornar disponível nos próximos anos uma nova geração de medicamentos e terapias contra o envelhecimento — e não só contra o envelhecimento externo, mas também, e principalmente, contra o envelhecimento interno, profundo, que tanto afeta nossa saúde e nos faz padecer das doenças relacionadas ao envelhecimento, causando um incalculável sofrimento à sociedade.