“A nosso alcance coletivo encontra-se a incrível possibilidade da abolição do envelhecimento biológico.

É um grande 'se', mas se decidirmos, conjuntamente como uma única espécie, tornar este projeto uma prioridade, existe cerca de 50% de chance de que terapias práticas de rejuvenescimento que resultem em uma reversão completa do envelhecimento estejam amplamente disponíveis já em 2040.

As pessoas de todo o mundo, ao se submeterem a esses tratamentos, se desejarem, pararão de se tornar biologicamente mais velhas. Em vez disso começarão a se tornar biologicamente mais jovens, tanto no corpo quanto na mente, com o desenvolvimento das terapias de rejuvenescimento. Em suma, todos terão a opção de se libertar da idade.”

O ponto de vista que acabou de ser descrito é uma posição à qual David Wood, autor de “A abolição do envelhecimento”, chegou depois de uma abrangente pesquisa, realizada durante mais de dez anos. Essa pesquisa fez com que ele se tornasse um forte apoiador do que pode ser chamado de “o projeto da rejuvenharia”: um empreendimento interdisciplinar de várias décadas com o objetivo de desenvolver o rejuvenescimento humano e, portanto, disponibilizar a escolha de se abolir o envelhecimento.

No livro, o autor, que é matemático e presidente dos Futuristas de Londres, aborda os aspectos econômicos, biológicos e éticos relativos ao grande aumento da expectativa de vida que as tecnologias biomédicas de rejuvenescimento estão trazendo para a humanidade. O autor também explica como a sociedade pode colaborar para acelerar a chegada desse rejuvenescimento biomédico de uma forma ética e responsável.

Entretanto, quando esta perspectiva é mencionada para as pessoas, frequentemente depara-se com uma ou duas reações adversas. Em primeiro lugar, as pessoas dizem que não é possível que tais tratamentos existam num prazo relevante em qualquer momento minimamente próximo. Em outras palavras, elas insistem em que o rejuvenescimento humano não pode ser realizado. É um delírio supor o contrário, dizem. É ciência mal feita. É um ingênuo otimismo exagerado. É uma ignorância da longa história de fracassos nesta área. Os desafios técnicos continuam sendo extraordinariamente difíceis.

Em segundo lugar, as pessoas dizem que quaisquer tratamentos do tipo seriam socialmente destrutivos e moralmente indefensáveis. Em outras palavras, elas insistem em que o rejuvenescimento humano não deve ser realizado. Essa é uma ideia essencialmente egoísta, dizem elas — uma ideia com diversos tipos de consequências indesejáveis para a harmonia da sociedade e o bem-estar do planeta. É uma ideia arrogante, que vem de mentes imaturas. É uma ideia que merece ser reprimida.

Não se pode fazer; não se deve fazer — neste livro, defende-se que estas duas objeções estão profundamente erradas. Defende-se que o rejuvenescimento é um destino nobre, altamente desejável e eminentemente prático para nossa espécie. Para o autor, a abolição do envelhecimento está destinada a tomar seu lugar no arco ascendente do progresso social humano, equiparando-se a outros desenvolvimentos como a abolição da escravidão, do racismo e da pobreza.